Page 58 - newDATAmagazine | 11>03>2022

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Tempos de Marte
Terceiro mês do calendário civil, o nome
"março" surgiu na Roma Antiga em
homenagem ao deus da guerra, Marte (que
representa a força, a ação, a vitória e a
proteção contra o inimigo). É em março que, no
Hemisfério Norte, passado o rigor do Inverno,
se dá o equinócio que marca o início da
Primavera, por isso, este é o mês dedicado às
sementeiras (não é por acaso que Marte é
também o protetor da agricultura), logo, março
é propício ao início de um novo ano, ou ciclo.
Mas é a partir da primeira década do século
XX que março marca, realmente, uma nova
etapa, a das lutas feministas por melhores
condições de vida e trabalho e pelo direito de
voto. Todavia, só em 1975 a ONU vem designar
o dia 8 de março como o Dia Internacional da
Mulher, tendo como objetivo lembrar as
conquistas sociais, políticas e económicas
das mulheres, independentemente de divisões
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nacionais, étnicas, linguísticas, culturais,
económicas ou políticas.
E é de lutas que têm sido preenchidas as
décadas que sucederam, até aos dias de hoje,
e ainda as que sucederão, já que ser feminista
é tão simplesmente a afirmação da igualdade
de género, sendo que o termo “género” se
refere “aos papéis, aos comportamentos, às
atividades e aos atributos socialmente
construídos que uma determinada sociedade
considera serem adequados para mulheres e
homens.” (1)
Se hoje, no mundo ocidental, emerge uma
nova consciência social, com ênfase na
necessidade de empoderamento das
mulheres, por um lado, é demasiado evidente o
desequilíbrio de poder nas relações de género,
pois que a regra é a da subordinação das
mulheres em relação aos homens, uma vez
q u e a s o r g a n i z a ç õ e s s o c i a i s s ã o
g e n e r i c a m e n t e d o t i p o p a t r i a r c a l ,
evidenciando uma visão tradicional sobre os
diferentes papéis associados à feminilidade e
à masculinidade.
A verdade é que abundam estereótipos de
género, i.e., representações generalizadas e
socialmente valorizadas acerca do que devem
ser os homens (o “masculino” – o homem é
forte e racional) e as mulheres (o “feminino” – a
mulher é mais carinhosa e frágil).
Conscientes da necessidade de mudança
no papel tradicional dos homens, tal como no
papel das mulheres na família e na sociedade,
(1) Fonte: Artigo 3 – “Definições”, alínea c) da
Convenção de Istambul